UM POUCO DA MINHA HISTÓRIA
Nasci em Belo Horizonte, no ano de 1963, no dia 3 de
março, no Bairro Saudade (antiga Vila Parque Cruzeiro do sul), divisa com os
bairros Vera Cruz e Bairro Flamengo (hoje Alto Vera Cruz), região leste de BH.
O bairro Saudade era formado por um cinturão de fazendas e espaços verdes,
ainda era considerado zona rural.
Sou o caçula de 7 irmãos (Jorge, Antônio, Maria de Lurdes,
Maria Antonina, Ana Maria, Mariza), filho de Dona Maria Luísa da Silva, mais
conhecida como Dona Luísa, que era benzedeira muito conhecida no bairro e filho
do Sr. José Moreira da Silva, policial reformado.
A casa de minha mãe, Dona Luísa, tinha um enorme quintal que
fazia divisa com o córrego Taquaril, que ficava duas quadras abaixo do
cemitério Saudade. Minha mãe tinha um mercadinho no lote da nossa casa e também
engordava porcos, criava galinhas, tínhamos horta e muitas frutas no quintal.
Tive uma infância farta, livre e muito feliz.
Lembro-me bem de quando matava porco na minha casa; era uma
festa. Este porco era repartido com os moradores, cada um levava um pedacinho e
eles também, quando matavam um porco, faziam da mesma forma, sempre ganhávamos
um pedaço.
No córrego, quase não falamos ‘córrego Taquaril’, tomávamos
banho, nadavamos e as mulheres da comunidade lavavam as roupas sujas de toda a
família. O córrego nos sábados e domingos era uma festa só, nosso
lazer.
Havia bem próximo da nossa casa o sítio do Sr. Simão, não
era dele, era arrendado, mas ele plantava de tudo: melancia, tomate, alface e
muitos pés de frutas. Naquele tempo, ele levava a colheita para vender na feira
do mercado Central. O caminhão ia lá buscar. O transporte coletivo não chegava
depois do córrego; tinha como ponto final o cemitério da Saudade.
A escola, esta nunca me atraiu, não conseguiu me segurar.
Desde muito cedo sofri na pele o preconceito e o racismo pela diretora,
professoras e colegas. Cursei até o 4º ano de grupo. Eu não me sentia bem na
escola, me formei no 4º ano primário (tirei até o diploma) e não voltei lá
mais.
[...]
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