quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

ENTREVISTA: Mestre Primo

 


Confira um trecho abaixo. Para ler na integra acesse o link: DOWNLOAD

UM POUCO DA MINHA HISTÓRIA 

 Nasci em Belo Horizonte, no ano de 1963, no dia 3 de março, no Bairro Saudade (antiga Vila Parque Cruzeiro do sul), divisa com os bairros Vera Cruz e Bairro Flamengo (hoje Alto Vera Cruz), região leste de BH. O bairro Saudade era formado por um cinturão de fazendas e espaços verdes, ainda era considerado zona rural.  

Sou o caçula de 7 irmãos (Jorge, Antônio, Maria de Lurdes, Maria Antonina, Ana Maria, Mariza), filho de Dona Maria Luísa da Silva, mais conhecida como Dona Luísa, que era benzedeira muito conhecida no bairro e filho do Sr. José Moreira da Silva, policial reformado. 

A casa de minha mãe, Dona Luísa, tinha um enorme quintal que fazia divisa com o córrego Taquaril, que ficava duas quadras abaixo do cemitério Saudade. Minha mãe tinha um mercadinho no lote da nossa casa e também engordava porcos, criava galinhas, tínhamos horta e muitas frutas no quintal. Tive uma infância farta, livre e muito feliz. 

Lembro-me bem de quando matava porco na minha casa; era uma festa. Este porco era repartido com os moradores, cada um levava um pedacinho e eles também, quando matavam um porco, faziam da mesma forma, sempre ganhávamos um pedaço. 

No córrego, quase não falamos ‘córrego Taquaril’, tomávamos banho, nadavamos e as mulheres da comunidade lavavam as roupas sujas de toda a família. O córrego nos sábados e domingos era uma festa só, nosso lazer.  

Havia bem próximo da nossa casa o sítio do Sr. Simão, não era dele, era arrendado, mas ele plantava de tudo: melancia, tomate, alface e muitos pés de frutas. Naquele tempo, ele levava a colheita para vender na feira do mercado Central. O caminhão ia lá buscar. O transporte coletivo não chegava depois do córrego; tinha como ponto final o cemitério da Saudade. 

A escola, esta nunca me atraiu, não conseguiu me segurar. Desde muito cedo sofri na pele o preconceito e o racismo pela diretora, professoras e colegas. Cursei até o 4º ano de grupo. Eu não me sentia bem na escola, me formei no 4º ano primário (tirei até o diploma) e não voltei lá mais.  

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